Magz

Ymir — As Águas de meu pai

Então perguntei:

quem morreu?

 

E os teus olhos se encheram de lágrimas.

Era inacreditável.

Nunca pensei que um coração pudesse bater tão rápido assim.

Nunca pensei que perderia um pai tão cedo assim.

 

Enquanto minha mãe me abraçava e chorava,

eu não conseguia dizer nada,

pensar nada,

acreditar em nada.

Mas sentir…

ah, como a dor era pesada.

 

Não me permitia chorar ao ver teu corpo descansado no caixão.

Mas pensava que tinha sido

Tão triste, tão triste,

nossa despedida.

 

Queria ter tido mais tempo.

Ter escutado mais das tuas histórias,

dos teus ensinamentos.

Seria o teu aniversário,

A festa já planejada,

as flores já no salão.

Mas você, ali,

não estava.

E eu fiquei em solidão.

 

Quando o enterro acabou,

corri ao lago onde costumávamos conversar

e me permiti chorar

pela primeira vez na vida.

 

Onde ninguém pudesse ver,

onde eu pudesse existir

na descarga silenciosa da dor.

 

Pulei no rio.

E juro que eram tantas lágrimas

que ele começou a transbordar.

 

A chuva nos acompanhou,

 

Deixando-me coberta pelo sufoco das minhas lágrimas,

pelas memórias das águas do lago,

pela saudade da água da chuva.

 

Quando saí, veio um vento frio.

E eu soube, a partir dali,

tudo mudaria.

 

Mesmo que eu chorasse,

o ar gelado congelaria minhas águas rapidamente

e não me permitiria mais chorar.