Yves de Sá

Sem título

Durante a madrugada eu não consigo escrever sobre nada além da dor.

E o mais engraçado é que eu gosto disso.

Gosto da sensação de vazio  esse doce vazio que me persegue pela vida,

sempre esperando o momento em que estou só para me atacar.

 

Me sinto preso escrevendo poesias e músicas,

como se já fosse hora de migrar para algo novo.

Cansado de ouvir elogios sobre como sei falar de amor,

sobre como dá pra sentir o amor nas minhas palavras.

Sim, ele existe em mim, mas eu sou mais do que isso.

 

Sou dor.

Sou ausente.

Sou desespero e euforia.

Sou alegria, correria, drama, calma, vertigem.

Quero contemplar todos esses lados em forma de arte.

Mas me sinto perdido,

trancado em uma pequena caixa de vidro,

repetindo o mesmo tema, amar e sofrer por amar.

 

Sempre penso em Da Vinci 

o artista, o cientista, o gênio que viu o mundo antes dele existir.

Mas também o homem bipolar que não terminava seus projetos.

E é curioso, idolatramos o artista que fazia o que hoje cobramos dos outros.

O sucesso, a constância, a excelência.

Mas talvez não fosse ele o errado 

somos nós.

 

Talvez esse desabafo,

essa reflexão sobre Da Vinci,

Sacie por um momento minha sede pelo novo.

Escrevendo corrido, sem versos,

sem tentar rimar o que sinto.

Falando sobre as loucuras que passam pela minha cabeça.

 

E como diria BK:

música de amor nunca mais…

música de amor nunca mais…