Carolina Gouveia

Epílogo

Tem uma vida que eu não vivi

que vivo esperando chegar,

esperando a hora de nascer

tanto que penso em me matar.

 

É tão certa que nao sei imaginá-la,

nunca certa de como vai ser.

De onde vai começar?

Como vou saber 

quando do sono eu acordar?

 

Morrer é mais certo, definitivo, pontual.

Acontece na hora certa, ou qualquer uma

que anseie outro final. Não tem volta,

não tem solução, não tem problema,

não tem perdão, mas tem a morte

e a paz que exorta, a certeza do fim que a vida agora.

 

A vida não nos segura nada, nenhuma 

garantia de uma vida prestigiada, só

a morte é avisada, uma benevolência assegurada.

 E eu sei que há uma vida a mim destinada .

Não essa - Mas a próxima poderia ser,

e se eu morrer talvez acorde

na vida que não soube sonhar em ter.