Melancolia...

Poderia me Conceder a Última Música?

Poderia me conceder a última música?
Aquela que o vento sussurra quando a noite se despede,
onde cada nota é uma lembrança,
e cada pausa — um suspiro que não volta.

 

Não quero promessas,
nem finais grandiosos.
Apenas o som suave de um piano distante,
para embalar o que resta de mim
num abraço que o silêncio compreende.

 

Deixe que a melodia caminhe pelos meus medos,
como quem acende velas num quarto vazio,
como quem diz “fica”,
mas aceita o adeus nos olhos tristes.

 

Que as cordas vibrem devagar,
como se o tempo tivesse compaixão.
Que a voz — se vier — venha trêmula, humana,
sem querer ser perfeita,
apenas verdadeira.

 

E quando o último acorde se quebrar no ar,
que ele leve consigo o peso do que fomos,
e o brilho breve do que sonhamos ser e querer.

 

Então sim,
se ainda houver silêncio depois,
deixe que ele dance comigo um instante —
até o mundo esquecer o meu nome.

1 nov 2025 (11:49)