Será heresia da alma, um desvio da Razão,
Ansiar por ti, conceber tua figura em lume?
A auto-imersão, a febre, a plena combustão,
Perquirindo a si em ritos de volúpia e sumo,
Até o Êxtase Quase-Númeno romper a tensão.
Será afronta ao Logos supor que são meus beijos,
Os arquitetos da tua volúpia, a causa primária?
Passando etéreos sobre teus lábios, plenos de desejos,
Rondando a curva proeminente, a flor da epidermeária,
Evoluindo a sinfonia de Gemidos Quase-Aristotélicos?
Será vício da Vontade este anseio voraz e tonto,
Esta sede insaciável de tua physis e de todo o teu pathos?
O ímpeto insone de ir a ti, de romper este ponto,
De desatar as correntes de teus apetites mais caros,
Neste Cosmos Imperfeito, onde o excesso se faz conto.
Vã é a culpa, pois a carne celebra o instante,
Saboreias, só(f)rega, teu clímax, o fruto de agora.
Mas o Cronos desta distância é cruel e inconstante,
Que a Ananke nos una, que a espera enfim se esmague e morra,
Pois tua presença, epifania prometida, calará para sempre a minha libido incessante.