De repente o mundo se calou.
Tudo ficou diferente, inclusive eu.
O porquê? Não sei.
Por mais que estivessem lá, eu não escutava nada, eu não sentia nada.
Para onde foi toda a minha sensibilidade?
Minha empatia?
Minhas cores?
Minha essência?
Eu me perdi.
Perdi meu amarelo.
Meu gato tricolor.
Meus desenhos.
Absolutamente tudo.
Não porque eu quis ou porque alguém o fez, mas sim porque não segui meus princípios.
Eu fui contra eu mesmo.
Fui contra o mundo que eu acreditava.
Não coloquei a gentileza como prioridade.
Nem mesmo me coloquei em primeiro plano.
Eu apenas quebrei o galho de uma árvore para desenha-la sem nem ao menos cuidar dela e admira-la em silêncio, do jeito que ela é.
Como pude?
Me arrependo.
Me arrependo dos meus atos.
Me arrependo de tudo.
Não consigo me olhar e sinto nojo de mim mesmo.
Sinto nojo do que me tornei.
Me pergunto se voltarei a ser o que era antes.
Se voltarei a ser tranquilo e alegre.
Se voltarei a ter paz.
Por mais que eu saiba que não, finjo ignorância, pois assim poderei viver como qualquer outro.
Que vive em um mundo sujo e finge limpa-lo usando um pano mais sujo ainda.
Mas isso é o correto? Manipular.
Maltratar.
Descuidar.
Não se importar.
Acho que não.
Eu não sei o que fazer.
Não sei como voltar a ter sentimentos verdadeiros.
Como voltar a escrever.
Como olhar meu reflexo nos olhos de quem me importo.
Queria voltar no tempo e apagar tudo.
Apagar essa solidão.
Apagar o medo.
Apagar o erro.
Me apagar.
Mas sem essas experiências, eu não seria uma pessoa forte, não seria uma pessoa real.
Eu só cansei.
Me sinto em um labirinto.
Onde os caminhos não têm fim, só começos.
O vento sussurrou no meu ouvido que não estou só, mas além dele não escuto mais ninguém.
A não ser minhas próprias paranoias.
A não ser a água que molha minha cabeça enquanto chove.
E o cheiro de terra molhada quando até a chuva me abandona.
Amo estar só, mas odeio me sentir só.
Assim como escrever e sentir, porém odeio seguir regras.
O final é incerto.
Assim como o meio.
E o começo.
Mas creio que, assim como o sol sempre volta, meu brilho retornará.
Talvez diferente.
Mas ainda será o mesmo por dentro.
Kai :)