Odalila Sousa

Por teimosia, ainda amor

Tanto que eu repeti pra mim mesma, e ainda repito, como quem acredita que o amor ainda pode ser diferente. Tudo era tão vivo… senti meu coração bater de novo, mas, dessa vez, tão cansado e, ao mesmo tempo, esperançoso.

Eu não esperava nada, mas aguardava ao mesmo tempo.

Senti a ansiedade molhar minhas mãos e me fazer acordar em horas inconvenientes, várias vezes, tirando o meu sono.

Senti tudo aquilo como se eu estivesse descobrindo o amor novamente, como da primeira vez, mas sem medo e sem insegurança.

Dessa vez, me senti madura o suficiente pra apenas observar e esperar se aconteceria algo, mesmo sabendo, lá no fundo, que nada mudaria.

Achei que seria melhor.

Achei que, dessa vez, o amor seria calmo e leve.

Achei que a solidão se afastaria de mim enquanto eu vivesse.

Mas era só achismo.

A verdade veio igual, cansada, repetida, e eu continuo me dizendo as mesmas coisas, como se, por acaso, ao falar, eu conseguisse imaginar a cura pra tudo isso... como uma cartomante.

E só de pensar que esse amor, que eu tanto insisto em dizer que é de Deus, me faz duvidar do que ele realmente é, pelo menos pra mim.

Ele é o vento: me toca, passa e some.

Depois me abraça… e, às vezes, me sufoca.

Talvez o amor nunca tenha sido a salvação dos meus problemas, mas apenas a iniciativa pra que eu conseguisse sair da escuridão.

Às vezes penso que é Deus me testando, ou é só eu acreditando novamente, como todas as vezes, na mesma ilusão de criança, de que no final vai ter um final feliz, como nos contos de fadas.

Mas o coração…

Ah, o coração aprendeu a se calar enquanto grita por dentro.

E, às vezes, ele só sangra enquanto escuta que não coube no outro.

Sei que deveria ter aprendido mais coisas.

Aprendido que deveria dar um basta nisso tudo.

E, mesmo assim, descobri que ainda sou capaz de amar,

por pura teimosia ou por ainda acreditar que há beleza em repetir o mesmo erro, querendo ver se, dessa vez, vai ser diferente.