No negrume eu risco a folha em branco
Para que a mim mesmo não denuncie o meu pranto
Quero sumir, me ocultar, estou tão perdida
Que não há horizonte para onde fugir
Não sei o que fazer: o verbo é desistir
Escrevo para não enlouquecer
Mas minhas palavras se esvaem a cada amanhecer
Por que em mim a fonte se esgotou? Logo eu, a tecelã de verbos, no estresse
Talvez por isso a vida me negue a forma, E as unhas, por fim, não cresçam
Me guiem como romper essa fita?
Como lidar com a mordaça que me cala, O nó cego que embaraça a escrita?
Mil e umas palavras em caos na mente
E não nasce uma frase com clareza, Nenhuma ponta de eficiência
Uma escrita que eu sustente
É normal sentir-se assim, esta lacuna?
Que parece não ter fim...