Quisera eu envolver-te em meus braços serenos,
Como o entardecer envolve o mar infindo,
Para que em meu peito repousasse o teu medo,
E o mundo, por um instante, ficasse calado.
Seria o meu toque o abrigo do vento,
Meu peito o refúgio onde o tempo se esquece;
Cada suspiro teu seria um acalento,
Cada lágrima, um rio que a ternura acolhe.
E quando teus olhos, por fim, se rendessem à paz,
Verias em ti o que o espelho não diz —
Que és rara, inteira, e doce como a brisa
Que cura o coração quando o amor se faz raiz.