Odalila Sousa

Ontem, o passado me visitou

Ontem, o passado me visitou.

Ele chegou como um furacão, levando parte de algo que eu vinha erguendo sozinha, e depois, o restante, que já estava mais forte.

Minutos depois, se transformou em um vento leve,

que me abraçou com sinceridade

e confortou o que estava quieto e perdido dentro de mim.

Por algum motivo, eu me senti viva por alguns minutos,

e ainda carrego a sensação de que aquele abraço

ficou marcado na minha alma cansada.

Logo depois, veio uma chuva com um pouco de vento.

Ela parecia indecisa, não sabia se passava logo

ou se ficaria até o outro dia.

Eu me escondi dela, entre os trovões que nem chegaram a cair,

nem raio, nem nome.

Mesmo assim, estendi a mão para sentir a chuva por alguns instantes,

e, sinceramente, ela respondeu com um raio, quase perto de onde eu estava.

Assustada, retirei a mão e me escondi ainda mais, debaixo de uma mesa.

Pensei bastante se deveria confiar na chuva novamente.

Mas, quando percebi, ela já tinha ido embora,

e o sol começava a aparecer.

Fui até a porta e vi uma poça de lama, 

a mesma que o raio havia deixado.

Ela estava surpreendentemente limpa.

Como fazia calor, resolvi me deitar nela.

E, dessa vez, me senti abraçada pela terra inteira.