Não quero um poema para chamar de meu
mas quero um que erre comigo
Um poema que sabe o preço do pão
que já tenha perdido um amor
talvez por cansaço, não por melodrama
Um poema que não finja entender o mundo
mas que, ainda assim, pegue o caminho do dia
com um livro debaixo do braço
como quem carrega uma chance
Quero um poema que seja uma prece
sem destinatário ou endereço –
um modo de chamar o que nunca responde
Quero um poema para chamar de meu
não para explicar o que não entendo
ou para concluir o que não tem conclusão
mas apenas porque me acompanha