Ele a olhou, e o mundo silenciou.
Havia algo nela… um perigo doce.
Era desejo, encanto, um fogo pedindo para acontecer.
Mesmo sabendo que podia ser só uma vez,
ele se deixou levar, tolo, entregue, ciente, vulnerável.
O abraço... ah, aquele abraço,
tão quente que quase apagou o medo.
Mas veio o nervosismo,
veio a culpa vestida de silêncio,
e o momento escapou de suas mãos.
O abraço , a pele, o olhar…
ficaram tatuados nele como lembrança e castigo.
Não deu para aproveitar...
Não do jeito que o corpo queria,
não do jeito que a alma pedia.
Mas passou…e a vontade ficou no ar.
Hoje ele pensa e revive
tudo o que aconteceu.. a boca dela,
o carinho envolvente, as lágrimas,
tudo o que não conseguiu ser por inteiro.
O arrependimento que o pesa,
a vontade que ainda o visita todas as noites e ela nem sabia que era a cura dele.
Ele queria vê-la de novo,
sem medo, sem culpa,
sem o nó no peito,
só para deixar o instante ser o que era pra ser.
Ela foi dele por um instante, e foi pouco.
Tão pouco que virou ferida e vontade.
Mas, quando ele fecha os olhos,
sente o corpo dela pedindo o seu.
E então, os olhos dele,
tão verdes e marejados,
carregam a culpa que também é dela.
Mas o que mais doia nele
não foi o instante em que se perderam,
foi o depois… o silêncio e a distância momentânea.
Ela o ignorou...
Ele entendeu
que a culpa doeu menos
que a vontade de terminar o que ficou pela metade
E, em alguns momentos,
ele se pega imaginando…
e, quando se dá conta,
já vem aquela sensação boa, pensando
lembrando de seus lábios nela.
Vive, então, fantasiando
sobre o que poderia ter finalizado...
ou seria um sonho ainda a ser realizado?