madrugadas me assustam
longas como buracos sem fim
delicadas como flores de jasmim
e estou caindo, mais baixo e mais baixo
atravessando memórias em câmera lenta
gotas salgadas escorrem em time-lapse
dividido em futuros, doces e amargos
pensamentos perdidos ou bagunçados
aterrissando em rosas vermelhas
em meu lugar inocente e confortável
assustado, vivendo através de ideias
correndo atrás de um coelho com relógio
tentando evitar toda a loucura,
procurando o meu grandioso oráculo
eu me perco em meu próprio paraíso
e então, desapareço com um sorriso
as madrugadas me enlouquecem