João Pedro Gomes

Madrugadas

madrugadas me assustam

longas como buracos sem fim

delicadas como flores de jasmim

e estou caindo, mais baixo e mais baixo

 

atravessando memórias em câmera lenta

gotas salgadas escorrem em time-lapse

dividido em futuros, doces e amargos

pensamentos perdidos ou bagunçados

 

aterrissando em rosas vermelhas

em meu lugar inocente e confortável

assustado, vivendo através de ideias

correndo atrás de um coelho com relógio

 

tentando evitar toda a loucura,

procurando o meu grandioso oráculo

eu me perco em meu próprio paraíso

e então, desapareço com um sorriso

 

as madrugadas me enlouquecem