Lola_a_Paloma

Não há língua

Na minha boca, não há língua

Que me permita saborear o risoto caprese

Enrolando-o num lençol, prendendo-o num mata-leão

Eu balbucio quando falo

Saliva esguicha pelas glândulas

Sou um monge moderno

Cortaram a minha língua

As comidas estão sempre à mostra

Até os peixes comem o arroz que atiram nos lagos

Eu olho e como pelos olhos

Existe vazio maior

Que o anseio por ser devorado?