Entre nós, há algo que desafia a razão,
uma magia que não segue regras,
um feitiço que arde sem consumir a chama.
Somos fogo e cinza ao mesmo tempo:
um calor que conforta e devora,
uma luz que ilumina e ofusca.
O tempo nos observa de longe,
como um velho feiticeiro que ri das nossas promessas.
Ele sabe que não podemos vencê-lo,
mas também sabe que, por um instante,
podemos enganá-lo.
E é nesse instante, nesse lapso de eternidade,
que vivemos.
Nosso amor é um paradoxo:
é alicerce e abismo,
um espelho que reflete quem somos
e quem tememos ser.
Não é perfeito,
mas imperfeito como tudo que é humano,
e talvez seja aí que mora sua beleza.
Porque não amamos apesar dos enganos,
mas por causa deles.
São os erros que nos tornam reais,
as rachaduras que deixam o fogo escapar.
E é esse fogo que nos mantém vivos,
mesmo quando tudo parece prestes a ruir.
Não sei o que o futuro guarda.
Talvez sejamos apenas faíscas,
um clarão breve no horizonte do tempo.
Ou talvez sejamos uma fogueira,
teimando em arder mesmo sob a chuva.
Mas isso não importa.
O encanto não está no \"para sempre\",
mas no agora.
No modo como o mundo desaparece
quando teus olhos encontram os meus.
No som do riso que ecoa como um feitiço,
no toque que transforma o comum
em algo sagrado.
Somos a mágica que não se explica,
o fogo que não se apaga,
o tempo que não se conta.
E, se estamos errados,
que sejam os enganos certos:
aqueles que fazem o coração bater mais forte,
que nos lembram que viver é, acima de tudo,
arriscar-se a arder.