thamyeeh

A Saudade Serena

É como um vento que vem de mansinho,

Trazendo memórias no mesmo caminho.

O cheiro da tarde, o som do quintal,

O riso guardado num tempo ideal.

 

Há cores antigas nas lembranças minhas,

Fotografias presas nas entrelinhas.

O ontem repousa num canto do ser,

E dói de um jeito bonito de ver.

 

Reviver seria profanar o encanto,

Reescrever o passado com outro manto.

Pois há tempos que vivem só no olhar,

E ao tocá-los, deixam de brilhar.

 

A saudade é ponte que nunca termina,

Ligando o agora à velha menina.

Não quero voltar — deixo lá, contente,

O que já foi sonho, segue presente.

 

Que fique o perfume, a voz, a ternura,

Mas não a ilusão de reviver a doçura.

Porque há instantes, por mais que perdurem,

Que só são eternos se não se procurem.