Amorpoemas

Minha mente meu fôlego

Carta aberta ao fogo que me habita

Há um fogo que não se apaga — e nem quero que se apague.
É a chama que me habita, que vive entre o corpo que me carrega, a mente que me comanda e a alma que me sopra direções invisíveis.
Sou feita dessa tríade sagrada, desse enlace de matéria e mistério, que me empurra sempre para o reencontro comigo mesma, mesmo quando o mundo me tenta distrair com as ilusões do efémero.

O meu corpo sente o peso e a leveza das horas;
a minha mente viaja por entre pensamentos que, às vezes, ferem, outras curam;
e a minha alma… ah, a minha alma é o farol que não se apaga,
a guardiã silenciosa que me lembra que a vida só tem sentido
quando a vivemos com verdade.

Não meço o meu valor pelos olhos de quem me vê,
mas pela intensidade com que me permito sentir.
Há quem confunda amor-próprio com egoísmo,
mas quem se ama de verdade compreende:
amar-se é um ato de coragem,
um voto de fidelidade à própria essência.

O meu corpo é templo onde habita o sagrado e o imperfeito,
onde cicatrizes contam histórias que o tempo não apaga.
A minha mente é um mar revolto e sereno — depende da maré.
E a minha alma é a chama que me move, que me inquieta,
que me obriga a olhar para dentro sempre que o ruído lá fora tenta ensurdecer o meu silêncio.

Sou o meu próprio cardápio de sentidos,
uma mistura de vícios bons e desejos puros,
uma mulher que não teme o abismo porque já o transformou em voo.
E é nesse voo que descubro a amplitude do amor-próprio —
essa vastidão onde não há falta, apenas completude.

Já não busco aprovação, busco sentido.
Já não quero ser entendida, quero ser sentida.
E já não me preocupo em caber —
aprendi a transbordar.

Porque o amor que me habita não é pequeno nem contido.
Ele expande, ilumina, purifica e desafia.
É fogo que arde, mas também aquece;
é força que destrói o velho para que o novo possa nascer.

Assim sigo, inteira e em chamas,
sabendo que dentro de mim mora o templo, o universo e o renascimento.
E é nessa consciência que me reconheço:
livre, viva e essencialmente minha.

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Com amor e verdade,
Sandra Marisa Albuquerque