Peregrina

Choro Silencioso

Quero chorar,
chorar até secar o mar que mora em mim,
até que a dor se canse de existir,
até que o peso das palavras
não pese mais no meu peito.

 

Ninguém vê,
ninguém ouve o grito preso na garganta,
ninguém entende o cansaço
de sorrir quando tudo dói.

 

Dizem que exagero,
que não há motivo pra tristeza,
mas ninguém vive minhas lutas,
ninguém sente a pressão
que me esmaga por dentro.

 

Carrego ofensas como pedras
no fundo dos bolsos da alma:
“ninguém te suporta”,
“você não serve pra nada”...
Mas sigo, mesmo ferida,
fingindo leveza que não tenho.

 

Há dias em que a esperança
parece morrer comigo,
mas algo — pequeno, fraco,
ainda insiste em respirar.

 

Talvez seja Deus,
sussurrando baixinho
que eu ainda tenho valor,
que há amor escondido
embaixo de tanta dor.

 

E mesmo que hoje eu chore,
que hoje eu quebre,
ainda assim, existo.
E existir — apesar de tudo —
já é uma forma de resistência.