Vá embora daqui —
mas a bebida te trouxe de volta,
apareceu outra vez, como ladrão na noite.
Eu só queria que a vida caísse sobre você,
que sentisse o eco do que me fez,
mas você invade meu silêncio,
um delito que eu quero cometer.
Some daqui,
mas você retorna, sempre furtivo,
roubando a paz que tentei construir,
teu crime é um vício que não consigo largar.
Esse desejo por você devia ser proibido —
ladrão da noite,
teu furto é meu tormento,
teu delito, minha prisão e minha fuga.
Queria ver a vida te acertar,
mas é o teu olhar que me prende,
o teu toque que me condena,
e mesmo ferida, eu volto a querer esse roubo.
Volta e furto:
tu reapareces e arrancas o que resta de mim,
mas eu sou fogo, sou chama,
sou a dona do meu próprio crime.
Que caia sobre ti toda a vida que me quis tirar,
pois neste jogo de delito e paixão,
sou eu quem escolhe ser a culpada —
aquela que deseja, mesmo quando dói,
aquela que se entrega ao roubo,
e que, no fim, sabe ser dona da própria noite