joaquim cesario de mello

UM POEMA QUE SE RECUSOU A SER POEMA

 

E este supermercado cheio de silêncios:

os carrinhos de compras enfileirados

a mulher falando sozinha no celular

um homem carregando um ramo de flores

como quem segura uma desculpa esfarrapada

e a lua dobrada em quatro no vidro do carro

 

Eu penso escrever sobre isso

mas o poema se recusa a sair

como se dissesse bem claro:

“deixa o mundo quieto, só hoje”