Há um som que ecoa em nós
mesmo depois que se cala —
uma nota breve, um instante
que não se sabe se é começo ou fim.
Vivemos de fragmentos:
um riso, um adeus,
um toque que ficou no ar
como perfume de flor que já partiu.
Mas é no entrelaço dos gestos,
no compasso dos dias seguidos,
que se compõe a música inteira
que chamamos de vida.
Não basta a beleza de um momento —
ela é o fio, não o tecido.
É preciso escutar o tempo todo,
mesmo quando a alma desafina.
Porque há silêncio que ensina,
e dissonância que revela.
E só quando aceitamos cada tom,
cada pausa e cada erro,
é que o coração entende:
não foi por uma nota que choramos,
foi pela melodia que fomos.