Junior Silva

Rotina de Quem Sonha

Quando a vida desperta às seis da segunda,

e só adormece na tarde cansada da terça,

há um silêncio que grita dentro da alma —

o preço do sonho é alto,

e o tempo, um luxo que a esperança não compra.

 

Entre relógios e respirações apressadas,

o corpo se move, mas o coração… espera.

Espera por abraços que não vieram,

por conversas que ficaram presas nas horas,

por presenças que o dever roubou.

 

Na quarta, o sol renasce em olhos cansados,

e a quinta o vê partir em meio à exaustão.

O cansaço veste o rosto,

a tristeza faz morada breve,

mas um sorriso teimoso insiste em florescer —

é o disfarce bonito de quem sonha acordado.

 

Chega a sexta, e o corpo, já em ruína,

se levanta outra vez às seis,

para entregar o sábado ao trabalho e à fé.

Sonhar cansa —

mas mais cansa quem desiste.

 

Então respira, alma sonhadora,

equilibra o peso do tempo no peito,

e recomeça.

Porque a vida não vive só em dias úteis:

ela pulsa em domingos, terças e quintas,

nos meses que passam, nos anos que voam,

no ciclo infinito de quem ama o que faz

e faz do sonho o próprio sentido.