Quando a vida desperta às seis da segunda,
e só adormece na tarde cansada da terça,
há um silêncio que grita dentro da alma —
o preço do sonho é alto,
e o tempo, um luxo que a esperança não compra.
Entre relógios e respirações apressadas,
o corpo se move, mas o coração… espera.
Espera por abraços que não vieram,
por conversas que ficaram presas nas horas,
por presenças que o dever roubou.
Na quarta, o sol renasce em olhos cansados,
e a quinta o vê partir em meio à exaustão.
O cansaço veste o rosto,
a tristeza faz morada breve,
mas um sorriso teimoso insiste em florescer —
é o disfarce bonito de quem sonha acordado.
Chega a sexta, e o corpo, já em ruína,
se levanta outra vez às seis,
para entregar o sábado ao trabalho e à fé.
Sonhar cansa —
mas mais cansa quem desiste.
Então respira, alma sonhadora,
equilibra o peso do tempo no peito,
e recomeça.
Porque a vida não vive só em dias úteis:
ela pulsa em domingos, terças e quintas,
nos meses que passam, nos anos que voam,
no ciclo infinito de quem ama o que faz
e faz do sonho o próprio sentido.