Ó vida que os luares acalenta,
Quem já vai perdido e sem prazeres,
Como a doce ária de uma flauta lenta,
Que nuanças para a alma vem trazeres.
Longe daqui, bem longe, sonolenta
A saudade com véu d\'entardeceres,
Seguindo numa estrada poeirenta,
Sem lírios e lilases pra colheres.
E na noite fria como uma gruta,
Um mocho que distante vai cantando,
E minh\'alma de melancolia enluta...
Ai, um mocho seguindo a voejar,
Sob o alvor das brumas que vão andando
Aclareadas pelo brilho do luar.
Thiago Rodrigues