Ester Araújo

Bloqueio criativo literário

As ideias dormem no alto da mente,

mas a escada, hoje, está quebrada.

A caneta espera… paciente,

num papel de alma apagada.

 

O vento já trouxe tantas canções,

mas agora só sopra ausente.

E eu fico aqui, colhendo nadas,

tentando dar flor ao que não sente.

 

É como gritar para dentro

de um poço que engole o som,

como ter sede no deserto

e esquecer onde fica o dom.

 

Não é falta de amor à escrita,

nem ausência de sentimento.

É só o corpo da inspiração

de luto por algum pensamento.

 

Mas eu espero. Porque eu sei:

até o silêncio se arrepende.

E um dia a palavra volta,

feito rio que nunca se rende.