Teu olhar, mar profundo e sem pressa,
Guarda o segredo que a noite confessa.
A cascata escura, a tua vasta juba,
Moldura de sombra que me derruba.
Em cachos densos, a tentação se aninha,
Onde a luz falha e a pele se avizinha.
Mas são os lábios, matiz de amora esmagada,
A promessa terna e a sede mais ousada.
Neste instante, a penumbra é nosso manto,
E o que se esconde é mais que encanto.
É o ardor que em silêncio se propaga,
A mão que busca e a paixão que afaga.
Beijo de vinho tinto, denso e maduro,
Deixa a marca que rasga o futuro.
E sob essa pele de mistério e calor,
Há um vulcão adormecido, clamando por amor.
Não te afastes, musa de rubra ousadia,
Pois a tua presença é a minha melodia.
Um romance aceso, de toque e de cheiro,
Onde o desejo é o nosso único roteiro.
Deixa a boca falar o que o corpo anseia,
Na dança secreta que a alma incendeia.