JUCKLIN CELESTINO FILHO

PIRILAMPOS DE FOGO

Não tenho nada com isso!

Dos marimbondos...

\"Marimbondos de fogo\"

Ao corisco vagabundo,

Riscando o cêu em todo o mundo,

Do vaga-lume 

Com seu lume ,

A acender, na retaguarda , o facho,

Da estrela cintilante 

Ao sol itinerante,

Do luar, suspenso no horizonte ,

Das  nuvens do arrebol que sobreveio,

Tudo é luz! Tudo resplandece

Em céu luzente!...

Todavia, em nota dissonante ,

Tolda o brilho

De encantos  tantos,

Antevendo o incandescente rastilho --

Algo por demais cruel,

Onde ninguém se importa 

De abrir a porta 

Pois a \"Inês é morta\",

E da Justiça -- a balança  entorta,

E as instituições, batendo

Cabeças, qual cego em tiroteio,

Não  enxergam a verdade,

Relegam as normas,

Como se fora a Constituição Federal 

Guardiã da Lei, letra  morta !...

Não importa o Direito,

Estabelecidas provas, que impunham 

Do acusado --  liberdade,

Se dão um jeito

De convicções sobreporem-se às provas,

Bem sei, não  importa!...

 Contudo, entoo meu canto --

Um canto às vezes brisa, furacão,

Às vezes brando, às vezes fogo revel,

Pirimlampo indomável,

Que não é fogo, fogaréu, ou fogacho!...

Apenas pirilampos de fogo,

Num Brasil, tudo às avessas,

Semelhando a uma Torre de Babel !