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Coração azul

Noite nos polos, luas sem cor 
Brancas como neve, numa pavimentação cinzenta 
Carregando meu legado em um saco de lixo
O coração de um homem gelado, pode ser mais dócil do que imagina 

Procurando os dias, procurando as chances 
E o cansaço pesou sobre os braços, sem abraços 
Numa velha casa de madeira, o seu próprio mundo 
Lá tem uma lareira, queimando todos os meus sentimentos alheios 

Uma vez, duas vezes, quantas vezes?
Retornando ao mesmo quarto, sem tranca e incolor 
E lá fora, longe das coníferas, longe das estradas 
Existe um lago, tão profundo e escuro, mas ao mesmo tempo congelado 

O sol opaco, passando entre as nuvens 
Amanhecendo de uma forma grisalha 
O passar do tempo, no seu corpo corta como navalha 
A madeira cortada, rasgada, vira lenha de novo 

Sem nome, sem identidade, sem necessidade 
Sempre fui eu, sempre fui ele
Alguma vez já viu um coração azul?...