Jessica F

O que eu não sabia

Hoje, adulta, entendo o que antes era só confusão e silêncio.

As figuras paternas e de autoridade -aquelas que deveriam proteger - nem sempre 

souberam cumprir o papel que o coração esperava.

Não falo de gente ruim ou irresponsável, mas de pessoas que também estavam perdidas,

sem noção da gravidade de deixar o sentir de uma criança pra depois.

 

Eles deixaram.

Deixaram meus gritos se perderem sob a força das vozes que achavam que estavam me ensinando algo.

Mas aquela força só me matou - devagar, todos os dias.

E ainda mata um pouco, às vezes, quando o eco volta.

 

Ficamos de lado enquanto eles tentavam fazer o melhor - o amor deles era pão, teto, sacrifício.

E, sim, comemos, dormimos, crescemos.

Mas a tristeza...

A tristeza fez uma casinha dentro de mim.

Nunca soube o endereço.

Só sei que ela está sempre lá, pulsando, crônica, respirando junto comigo.

 

Não me faltou amor - 

me faltou o tipo certo de abraço.

E ninguém teve culpa, mas o vazio ficou