caiolebal

Transplante

Retirei parte vital minha

Aquela dotada de grande

Afeto por você

Cortei as amarras de carne

Que a prendiam em mim

Para que ela não pertencesse mais

À minha pessoa, mas sim

À sua vida

 

Sua rejeição ao meu presente

Crepitou dolorosamente

Por baixo da minha pele

Tal qual relâmpagos rastejantes

É como se seu corpo tivesse rejeitado

Minha doação, mesmo que ele seja

Totalmente compatível

Mas o seu “não” cancelou

Qualquer operação de transplante

De amor

 

Agora preciso aproveitar

O pouco tempo que me resta

Para viver sem algo vital

À mim, até chegar o momento

No qual cairei ao chão

Completamente descorado e desprovido

De amor