R. S. Vieira

“Recomeço em cinzas”

Entre os restos do que fomos,

há um silêncio que grita.

Carrego nas mãos as migalhas

de um amor que ainda respira.

 

Não sei se é cura ou castigo 

essa vontade de ficar,

de costurar o que rasgou,

mesmo sabendo que vai doer tocar.

 

Teu nome ainda pesa no peito,

feito promessa e ferida.

E eu, que tentei te esquecer,

só aprendi a sobreviver à partida.

 

Há dias em que lembro da chama,

e outros, do frio que sobrou.

Mas no fundo, entre o medo e a fé,

ainda espero que o amor nos salve.