Caminho por fios invisíveis,
fingindo saber pra onde vão.
A vida ri, cruel, discreta,
enquanto empurra minha mão.
As horas passam lentas, podres,
o tempo mastiga o que fui.
Cada passo pesa mais —
mas parar também destrói.
As certezas? Sumiram cedo.
O futuro? Um vulto cego.
E o coração, coitado, insiste,
mesmo sangrando, ainda pede sossego.
Talvez o erro seja existir
com tanta fome de sentido,
quando o mundo só nos dá migalhas
de um sonho que nunca é cumprido.