CDHS

Entre o Talvez e o Nunca

Caminho por fios invisíveis,

fingindo saber pra onde vão.

A vida ri, cruel, discreta,

enquanto empurra minha mão.

 

As horas passam lentas, podres,

o tempo mastiga o que fui.

Cada passo pesa mais —

mas parar também destrói.

 

As certezas? Sumiram cedo.

O futuro? Um vulto cego.

E o coração, coitado, insiste,

mesmo sangrando, ainda pede sossego.

 

Talvez o erro seja existir

com tanta fome de sentido,

quando o mundo só nos dá migalhas

de um sonho que nunca é cumprido.