O Fio e o Abismo
Há dias em que respiro por costume,
não por vontade.
A vida pesa nos ombros como um nome
que já não me cabe.
Carrego correntes invisíveis —
feitas de lembranças, medos e rostos.
Cada elo é um motivo pra ficar,
e um motivo pra querer ir embora.
Às vezes, penso que viver
é apenas adiar o silêncio.
Mas então algo pequeno —
um olhar, uma palavra, um toque —
sussurra que ainda há sentido.
E fico.
Fico entre o querer partir e o não saber chegar,
entre o impulso do fim
e a teimosia do recomeço.
Sou ponte entre dois mundos:
um que me chama em paz,
e outro que insiste em pulsar em mim.