Saraiva

Coadjuvante

Coadjuvante 

 

Faz tempo que eu tento escrever um poema.

E colocar em palavras aquilo que me condena. 

Mas quando percebo, já me perdi.

 A ideia foge e me deixa aqui.

 

Queria falar de amor, de melancolia,

Da minha vida ou apenas transformar palavras em poesia.

 Mas acabo de novo em alguma preocupação,

Ou naquele velho filme amado de animação.

 

Meus pensamentos seguem caminhos distantes.

Divergem, escapam, são tão inconstantes.

Parece até que mandam em mim.

E eu? Eu tento controlar, mas nunca é assim.

 

Queria dizer como o pôr do sol é belo.

Quando, ao lado de quem amo, eu o observo.

Mas, de repente, lá estou eu,

 Pensando no sabor do sorvete que ele me deu.

 

Talvez poesia não seja pra mim.

Talvez eu tente outro mês, enfim. 

Procrastinar virou minha sina.

 E sinto que esta página talvez nunca se complete um dia.

 

É frustrante, é triste, é cruel,

Ser refém da minha mente num carrossel. 

Mas é assim, e sempre será.

Sou coadjuvante da min

ha própria maneira de pensar.