Versos Discretos

Se eu fosse poeta...

Se eu fosse poeta,

traduziria em versos o que teu corpo me incita em silêncio.

Começaria com o A,

A de Ardor, abraçando-te por inteira,

deixando tua pele derreter na minha,

num alfabeto quente de suor e êxtase.

O B viria em Beijos,

na tua boca, onde o tempo gêmeo e se entrega,

nos teus seios, obra-prima tensa e provocante

que me inspira e me prende ao teu calor.

O C seria Carícia,

mergulhando como um verso profundo e viciante

por caminhos que só tua pele me implora que explore.

E assim seguiria, letra por letra,

devorando-te inteira

num poema que o prazer dita e não há fim,

porque o desejo também é uma forma de escrever —

com o enlace dos quadris, com a respiração que explode,

com a urgência de quem ama o que o corpo pede sem pudor.