Raquel Ordones

Deserto de nós

Um coração em pó, sem nenhuma eira,

Na beira, o vento fez redemoinho,

Desalinho sentimental sem leira,

Videira não germina; só dá espinho.

 

E toda a alma é coberta por areia,

Incendeia-se um calor que é mortífero,

Infrutífero querer cruza a veia,

Enleia assim tudo e nada é humífero.

 

Dunas se cultivam, em solidão,

A vegetação essência é escassez,

Outra vez a ausência da polidez.

 

Há riqueza ao fundo, além-erosão,

Região não explorada; resistente,

Sente ermo, sem chuva-amor na semente.

 

Raquel Ordones #Ordonismo #raqueleie