Breno Pitol Trager

Jardins Suspensos

 

 

Se você escolheu viver a vida tal qual sua dinastia

Com pompa, rito e máscara de rei sendo tão servo camponês

 Você não segue regras, mesmo a tão derradeira que nega as leis

Lava à taça, os dentes que fada não busca, ou leite derramaria

 

Para o lavatório, a boca que se limpa com visão boemia

Riso de absinto, espuma e o hálito do Jamel que subtrai amor ao medo

Carcarejo com conhaque, beber lágrimas que eu esqueço, e desejo

É rito antigo, é dor que dança ebulindo, é riso em melancolia

 

Na corte oculta, o tempo se veste para um baile, com fantasia

E cada gesto é ouro de um Midas, é farsa, são labaredas

 Mas sob o véu, há pranto que alastra água, com sede que arrepia

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O trono é frio, e a alma, feita de trocados, centenas, moedas

Quer ser plebeia, livre, nua, não agra jardins suspensos, heresia

Para alçar o alado castelo, em manhãs que flor, e dor, me tutela