Pássaro cego, que a liberdade
Alguém com maldade, viola!
E chora, e canta na soledade,
Enclausurado na gaiola!
Um instante pudesse enxergar,
Ao malvado dono perguntaria:
Moço, que faria ao levantar
Engaiolado, sem ver a luz do dia?
Decerto não teria ânimo pra cantar,
Só de tristeza preencheria as horas vazias,
Procurando luz, espaço para voar,
Sem poder distinguir noites ou dias!
Mas eu,cortado de dor, abandonado,
Cujos esplendores da luz não vejo,
Se pudesse ver-te cego, desolado,
Lamentaria.Dor alheia, não é meu desejo!