JUCKLIN CELESTINO FILHO

PÁSSARO TRISTE

Pássaro cego, que a liberdade 

Alguém com maldade, viola!

E chora, e canta na soledade,

Enclausurado na gaiola!

 

Um instante pudesse enxergar,

Ao malvado dono perguntaria:

Moço, que faria ao levantar

Engaiolado, sem ver a luz do dia?

 

Decerto não  teria ânimo  pra cantar,

Só  de tristeza preencheria as horas vazias,

Procurando luz, espaço para voar,

Sem poder distinguir noites ou dias!

 

Mas eu,cortado de dor, abandonado,

Cujos esplendores da luz não vejo,

Se pudesse ver-te cego, desolado,

Lamentaria.Dor alheia, não é meu desejo!