Eliane Violett

Ferida Silenciosa

Ainda me atravessa a tua ausência,
como se tua sombra tivesse aprendido a morar em mim.
Há instantes em que revivo cenas antigas,
como se o relógio recusasse seguir adiante.

 

Outros dias, o que sinto é fúria contra mim mesma,
por ter sustentado o que já nascia quebrado.
É duro aceitar que alguém tão amado
possa ser ao mesmo tempo abrigo e tormenta.

 

Descubro, com o corpo cansado,
que nem todo afeto floresce;
alguns se transformam em espinhos,
e o que chamamos de amor
pode carregar em silêncio o gosto amargo do veneno.