Da próxima vez que eu pensar na morte,
vou vê-la com outros olhos —
não como fim,
mas como vento que sopra e leva a dor embora.
Talvez seja um recomeço,
uma forma silenciosa de respirar de novo.
Quanto mais penso, mais me inspiro:
há algo de sagrado na partida,
algo que não deveria causar medo.
Da próxima vez que eu cair em tristeza,
não quero pedir socorro —
quero encontrar em mim o abrigo
que sempre busquei em vozes alheias.
Cansam-me os gritos,
as palavras duras que vinham de bocas puras,
as feridas que deixaram marcas que o tempo não apaga.
Pensei, tantas vezes,
em desaparecer nas próprias sombras,
em ser silêncio onde antes havia ruído.
Mas se há um ser que me ouve,
se há algo que me prometeu cuidado,
então me escuta agora:
eu não escrevo à toa.
Eu escrevo pra lembrar
que mesmo cansada,
ainda existo.
E existir —
mesmo que doa —
ainda é um tipo bonito de coragem.