Se com desuso confere câncer à próstata
Paraíso é fé de seres infiéis
O morto alegre é só um fantoche apóstata
Já o vácuo constelado ao dom dos céus
A alma, em névoa, busca o verbo que lhe desata
Mas tropeça em espelhos de signos cruéis
O tempo é cifra, e a cada ora refaz melasma
Tão bom, o sol cabe no tinteiro com pincel
O ser é cifra, é sombra em rito sem sentido
E o verbo, oculto, cala o nome quem exacerba
O céu, fechado, é libreto não traduzido
No altar do nada, o sonho é querer quão lerda
Um Deus ausente, um Éden já arado ao amido
E eu, cifra, Zênite ao pecar, retrato a tela