Hoje pela manhã, vi pela janela
Pessoas que ali se acabavam,
Vidas que lutavam,
Almas que sangravam
Em meio a tanta opressão.
Também vi, pela janela,
Um arame que encurralava,
Uma mulher que chorava,
Uma mãe que tentava,
E uma filha que ainda sonhava.
Em minha janela, tudo parecia distante,
Tudo tão angustiante...
Ainda ali,
Ouvi passos apressados,
Ouvi homens desnorteados,
Ouvi pais desesperados,
E seus filhos, de trem, sendo despachados.
Aquilo podia parecer distante
Mas a dor era constante.
Impossível de não sentir,
Impossível de esconder,
Impossível de compreender.
Impossível era não ver
Que, ali, por minha janela,
Meus olhos acompanhavam uma única sensação:
Aquela chamada
Decepção.