Versos Discretos

A Valsa das Volutas e dos Véus Leves

Nas espirais do cabelo, um capricho de Vênus,
Onde o ébano se enlaça com o sol em ondulações.
São cascatas frouxas, de um charme tão ameno,
Que convidam a toques e a doces tentações.
Ah, essa profusão de cachos levianos,
Enquadrando o semblante com seu mistério tão sutil,
É um jardim de Éden, um deleite para os humanos,
Onde os dedos se perdem num labirinto gentil.

O decote, um afago, em seda tão cândida e singela,
É um pequeno palco para a visão mais profana.
Revela sem alarde, numa dança tão bela,
Duas montanhas de marfim, obra divina e ufana.
Não há aqui a audácia que a moral profana,
Mas sim a leve insolência, o sussurro velado e o gozo.
No leve ondular do peito, a pulsação que engana,
Um jogo de esconde-esconde, tão puro e tão vicioso.

São duas meias-luas, que o olhar mal alcança,
Porém, na sugestão, reside o ardor mais profundo.
Na seda que as abraça, cada ligeira balança,
É um tic-tac do desejo, ecoando por este mundo.
Ah, esses colinares brancos, que a veste mal contém,
São pães de açúcar macios, convite a um doce pecado.
A excitação não grita, ela sopra e nos convém,
Um beijo de Cupido, discretamente lançado.

Assim, entre volutas e véus tão leves,
A alma se deleita neste quadro gentil e tão galante.
Um flerte de nuances, em gestos tão breves,
Que no rococó da forma, encontra seu amante