Profetizavam os bardos sobre a demência do exílio,
E em mim, a máxima se fez carne e verbo.
Em teu desterro, de mim mesmo me perdi,
Um devaneio manifesto, sem artifícios ou segredos.
Permaneci estático, uma alma em suspensão,
Qual nau sem bússola, entregue ao ermo.
Não há nexo a que me apegue, nem busco a razão;
Talvez não a queira, pois nestes dias recentes,
Apenas segui, um autômato em seu termo.
No peito, um hiato côncavo, um vácuo,
Tua presença fez-se réstia, um rastro de saudade.
Confesso a inépcia, o meu pavor a este trato,
A esta nostalgia que irrompe sem alarde.
Contudo, senti.
E anseio por ter-te novamente,
Em cada alvorada, em cada dia que floresce.
Somente tu, a transformar o sol poente
Na promessa de uma paz que me enternece.
Não indago a natureza deste sentimento,
Se um anelo profundo ou um eco do que foi.
O fato é que a vida, neste teu firmamento,
Ganha a íris e a vividez de uma aquarela sob o sol.