Quanto tempo perdido te mostrando a lua,
te falando das estrelas,
te falando dos meus poetas favoritos,
te falando da forma como te via,
da forma como eram mágicos nossos momentos.
Quanto tempo perdido te falando da magia,
que era magia só pra mim,
te falando da impossibilidade de medir o meu amor,
e de como era incrível esse amor,
aumentando a cada dia.
De como a rotina e a poeira do cotidiano
nunca abalaram as estruturas do meu sentimento.
Quanto tempo perdido te falando de mim,
das minhas dúvidas,
da forma como via o mundo, as pessoas,
das minhas crenças, dos meus medos.
Você nunca quis saber,
nunca quis entender,
você nunca me ouviu,
e, se ouvia, ouvia apenas com os ouvidos.
Quanto tempo perdido,
quanta vida perdida,
quanta energia gasta em vão.
Pelo menos me tornei especialista na arte de amar sozinho.
O que me dói de verdade são os desperdícios.
Foi como mergulhar no vazio,
foi como tentar colocar o oceano que habita em mim
no copo d’água da tua indiferença.
Eu escrevi com um lápis branco
em um papel em branco
a mais bela de todas as poesias.