As sete horas, devo acordar.
Café no trem. Bato ponto pra trabalhar.
No almoço, arrisco um cochilo.
Desperto mais quebrada — o próprio lixo.
Enlatada no transporte, não consigo me mexer.
Tirando o sapato, só quero comer e adormecer.
Para quando minha folga chegar…
“Você tá de férias? Vamos marcar!”
Pisco.
Pisco.
A vida se esvai em piscos.
Enquanto sou agulha de vitrola sobre discos.
Refém dos cronômetros dos outros.
Reunião na quarta. Aniversário em agosto.
Parando noutra estação, imprensa-me à multidão.
E, novamente, não consigo me mexer.
Aperto o meu olhar.
Tentando relaxar,
Afinal, as sete horas, devo acordar.