Poeta Quimérico

Noite silenciosa

O silêncio desta noite
Carrega um tom diferente.
A noite, que sempre foi calma,
Hoje fala ao coração do indígena.

O vento cumpre seu papel,
Faz as vidraças tremerem
De uma casa simples,
Como se fosse arranha-céu.

As crianças já dormem,
Os jogos cessaram,
E o único som que insiste
É o dos grilos acordados.

É uma noite que reflete,
Que às vezes submete
A uma solidão curiosa—
Não do corpo,
Nem da alma,
Mas uma solidão do tempo,
Curta, quase invisível,
Que vem e passa
Como o fim de um soluço.

Há um mistério no ar,
Uma energia antiga
Difícil de explicar.
É como na infância,
Quando a noite despertava
Curiosidade e encantamento,
Sem hora para terminar.

Trazia frio na barriga,
Emoções que não feriam,
Mas sabiam permanecer.

Ó noite de lua cheia,
Que desperta o passado
E faz a vontade florescer
Outra vez
Dentro do meu lar.