Há noites em que o silêncio me chama,
e o mundo, em sua vastidão,
parece caber no contorno de um único sonho.
É nesse instante que você surge,
não como sombra ou lembrança,
mas como uma paisagem viva que respiro.
Você não fala, mas sua presença canta,
como o vento que dança entre as árvores.
Nos seus olhos, há um horizonte que desconheço,
um mergulho fundo nas cores que faltavam em mim.
Eu caminho por esse território,
sentindo o chão pulsar sob meus pés,
como se as estrelas tivessem desenhado um mapa
só para que eu o seguisse até você.
Mas o que me surpreende não está no sonho.
É abrir os olhos e descobrir que a paisagem ficou.
Você ainda está aqui,
mais real do que a luz que atravessa a janela,
mais constante do que a manhã que insiste em nascer.
O mistério não é o que vejo quando durmo,
mas o que permanece quando desperto.
A vida ao seu lado não é uma trilha que percorro,
é o próprio início do caminho,
o ponto onde o tempo se curva e recomeça.
E assim, cada instante ao seu lado
é um novo fragmento de eternidade,
como se o sonho nunca tivesse terminado,
e, ao mesmo tempo,
como se ele só começasse agora.