lágrimas deslizam por seus cílios 
umedecem o tecido abotoado 
seus delicados dedos tamborilam 
na escrivaninha abarrotada 
de blocos e fichários 
cabelos caídos na testa 
cabisbaixa 
refletindo com seus cadarços soltos
flexionando nas fórmulas e
equações 
no belo lettering iluminados 
pelo abajur 
seu corpo de criança
tomado por uma adolescente 
sua mente leve
agora tomada pela preocupação 
e a incerteza do que há de vir
suas discussões com suas vozes interiores 
fazem-na questionar sua sanidade 
seu pai lhe dissera ela era muito ansiosa e agitada 
mas pro mundo lá fora ela conseguia se passar por serena e segura
mas no quarto restava-lhe remoer 
o que ouviu , o que interpretou, o que pensou
nunca o hoje
sempre o amanhã 
mas não era certa de quantos segundos lhe restava