CORASSIS

Atualidade

Atualidade

Hoje, não desejo me encontrar
com todas as ruas da minha infância
são ilusórias há algum tempo!
A padaria já não produz um pão quentinho
pois o imóvel deu lugar
a um imensurável arranha-céu
antes não fosse uma narrativa atual, sincera

Pessoas endiabradas ao dinheiro!
Vi muitas mulheres que podiam ser minhas filhas  
Como beija-flores de bar em bar!
Eu olhei e não gostei destes pássaros!
Hoje, a depressão veio se vingar de mim
Talvez não queira entender
Meu desdém pelo paladar do alimento atual ofertado!

O sol nascente é para todos
já a penumbra é minha aliada, meu tempo enviesado
sou um homem vindo do passado a este presente
as ruas do meu infanto

Eu lamento, portanto
a ilusória casa  que um dia morei
eu tenho um saco de memórias guardadas

Minha vizinha, com a mesma idade que eu
já era biônica na humana beleza constituída
E só o meu amor por encanto permaneceu!

Como insano, não queria tantas construções planejadas
de tantas frutas que eu furtei
na infância, a que eu mais adorava eram as mangas  adocicadas
que deixaram de existir
não por serem cinquentenárias
foram sacrificadas por este progresso imbecil para este passageiro do tempo


Mais endiabrados a construir malefícios em desordenar minhas memórias
vão construindo seus castelos
não tem pena de mim
hoje tenho vontade de cristalizar
minhas lágrimas
e guardá-las no meu museu particular.