Quebraram-se pedras no silêncio — e ali,
com o dedo fincando palavras na areia,
um Mestre desfez o rumor da sentença.
Não houve mão que atirasse; só um olhar
que carregou as minhas falhas como quem acolhe flores.
Eu vinha com bolsos cheios de culpa,
mãos vazias de justiça, coração de barro —
e Ele, paciente, fez morada onde havia vazios.
Uma frase soltou o vento: “Aquele que nunca pecou, atire a pedra” —
e o vento devolveu silêncio; a graça, um rio.
Quem é esse que troca morte por canto,
que toma meus restos e os borda de vida?
O Cordeiro que, sem ruído, abriu caminho
entre fariseus de pedras e corações exaustos.
Seu nome, sussurrado nas frestas da noite: Jesus.
Nada mais me preencheu depois que Te provei:
casas, cavalos, todos os brilhos dissolvem-se,
como luz que passa por vidro e não fica.
Só Tu permaneces — tenda que acolhe, pão que sacia.
Ah, se soubessem do teu rosto, quão claro!
Deixariam tronos por um gesto teu,
porque onde pousam Teus olhos, tudo se aquieta.
E eu, aprendiz fiel, vou aprendendo a só querer-Te:
cada dia menos mundo, cada dia mais Ti.